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Destaques da Semana de Inovação 2025

 

A Semana de Inovação 2025 reuniu, ao longo de três dias, centenas de atividades dedicadas a colocar no centro das discussões grandes agendas da humanidade, apontar caminhos, trazer reflexões do mundo inteiro, buscar ampliar o debate público e reforçar a confiança de que mudanças são possíveis. 

Oficinas, painéis, entrevistas e rodas de conversa abordaram desde transformação digital e gestão de pessoas até sustentabilidade e novas formas de contratação pública.

Entre essa programação diversa, selecionamos algumas atividades que aprofundam a discussão sobre inovação aberta e compras públicas de inovação, temas centrais para transformar a forma como o Estado se relaciona com o ecossistema de soluções, startups e instituições de fomento. A seguir, você confere os principais pontos e reflexões desses encontros, com falas inspiradoras de quem está na linha de frente dessa agenda de transformação.

Caravanas de Inovação Labori e outras histórias de Inovação Aberta (30/9)

Nesta oficina, mediada por Luis Izycki (GNova/Enap), com participação de Bruno Portela (AGU) e Karolline Fernandes (Hub Goiás), foi proposta uma reflexão sobre o poder das narrativas nas compras públicas de inovação. A ideia central foi que “histórias importam”, pois elas nos ajudam a reconhecer conquistas, aprender com erros e inspirar novos caminhos.

Bruno Portela ressaltou que a inovação só faz sentido quando conecta com desafios reais, “temos que pensar em como levar mais produtividade e eficiência para as instituições.”

O Labori, Laboratório de Inovação da AGU, foi apresentado como um agente de integração e experimentação, promovendo cooperação entre advogados públicos e gestores. O objetivo desse programa é gerar soluções que possam ser escaladas e usadas por várias instituições públicas. Bruno enfatizou ainda, “queremos fazer inovação da forma correta, acessando os recursos que podemos.”

O debate também apontou que a regulação não é inimiga da inovação, mas um molde que pode orientar e dar segurança ao processo. A oficina incentivou que as instituições públicas escutem seus próprios problemas, criem coletivamente narrativas e construam redes de colaboração para fortalecer as CPIN no Brasil.

Entrevista: Compras Públicas como Motor de Inovação Sustentável (1/10)

Este painel reuniu Camila Medeiros (GNova/Enap), Paula Moreno Sepúlveda (ChileCompra), Bruno Monteiro e András Hlács (OCDE) para discutir como as compras públicas inovadoras podem acelerar soluções sustentáveis.

O tema central foi a Compra Pública de Inovação (CPIN), definida como a aquisição de soluções inéditas que criam valor e respondem a desafios públicos. 

Camila Medeiros iniciou o painel destacando o peso econômico e o propósito estratégico de compras públicas no Brasil e como ferramenta de desenvolvimento. Ela citou que, “no Brasil, a gente sabe que aproximadamente 14% do PIB são compras públicas. Então é uma potência, né?".

Ela também definiu o objetivo das compras públicas como gerar economia, estimular a produção local, gerar emprego e renda através do poder de compra do Estado.

Ao mesmo tempo, as compras públicas devem "promover a inclusão social, fomentar práticas ambientalmente responsáveis ​​e também fomentar a inovação"

Um ponto destacado foi de que o governo pode ser o “primeiro comprador”, assumindo o risco inicial para viabilizar inovações que poderiam não chegar ao mercado caso dependessem exclusivamente de recursos privados.

Na fala de Paula Moreno, “o desafio mais difícil é fazer com que os compradores públicos pensem a partir do problema em vez de saltar direto para a solução.”

O Chile Compra demonstrou sucesso ao modernizar a legislação, em 2023, criando uma política de Estado focada em inovação, sustentabilidade e meio ambiente. O resultado prático foi a implementação de novos mecanismos de contratação e casos como o da urgência hospitalar, onde um projeto piloto reduziu o tempo de transição de 12 horas para apenas 5 horas.

Desafios que Viram Soluções: Vitrine de Inovação Aberta (1/10)

Neste espaço de pitches, instituições como MIDR, CNJ e Enap apresentaram desafios públicos e soluções inovadoras, conectando problemas reais com fornecedores e startups. Entre os painelistas estavam Taciana Leme (MIDR), Thiago Gontijo (CNJ), Diego Nogueira (SESP/PR), David Borges (Impact Hub Brasília), Keicielle Schmidt (GNova/ENAP), Rafael Costa (Motrici), Juliana Cardoso (Correios) e José Eduardo Padilha (SEIIA/PR).

A Plataforma Desafios apareceu como canal estratégico para execução de ciclos de inovação. Ela pode operar em modo autosserviço (quando a instituição faz a publicação dos seus próprios desafios) ou de modo customizado (quando a Enap apoia integralmente o ciclo). O mecanismo central é o Contrato Público para Solução Inovadora (CPSI), elogiado por ser mais ágil e menos burocrático.

Um caso de sucesso citado foi o do CNJ. O Conselho lançou edital via CPSI com 79 propostas e concluiu o ciclo, do edital à assinatura,  em apenas 5 meses, demonstrando rapidez e eficácia do modelo.

Diego Nogueira, da Secretaria de Segurança do Paraná, comentou que o Estado já dispõe de verba para inovação, mas falta método e equipe para executar, “não é recurso que falta, é metodologia e execução”.

Inovação Aberta para o Desenvolvimento Sustentável nos Municípios (1/10)

Este painel, mediado por Marcello Santo (Impact Hub Brasil), reuniu representantes do setor público, do fomento e do mercado para debater como o CPSI pode impulsionar a inovação municipal. Dentre os participantes estavam Eduardo Azevedo (BID), Anderson Costa (SEMAM Teresina), Barbara Johas (CESU), Francisco Ferreira (Sudene), Kauara Rodrigues (GNova/Enap) e Roberto Speicys (Scipopulis).

O município de Teresina, no Piauí, foi destaque como pioneiro no uso do CPSI estadual. Anderson Costa, da Secretaria do Meio Ambiente, explicou que o edital permitiu destinar R$ 170 mil para testar soluções para arborização urbana. “Se não fosse o edital do CPSI, nós não teríamos no momento soluções palpáveis.”

Já Roberto Speicys, do setor privado, argumentou que o diferencial do CPSI é que o governo identifica o problema, não define a solução, o que estimula inovação criativa. Ele enfatizou que desafios complexos, como trânsito, não se resolvem apenas com mais infraestrutura, mas com planejamento integrado e uso de dados.

Eduardo Azevedo, representando o BID, reforçou a importância estratégica das compras públicas, que representam mais de 10% do PIB na América Latina, um volume de investimento sete vezes maior que o dedicado à pesquisa e desenvolvimento. 

Eduardo citou a Plataforma de Compras Públicas para Inovação, desenvolvida em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU), como instrumento essencial para mitigar o “medo do risco” dos gestores públicos. Dados da PGE-SP apontam que 192 CPSIs foram celebrados desde 2021, mostrando que se corretamente aplicado, o instrumento tende a reduzir prazos médios em vez de aumentá-los.

Além disso, Paula Aragão apresentou o programa Conexões Inovação Aberta Nordeste, uma parceria com a Sudene, Impact Hub Brasil, BNB, Enap e BID que vai destinar 1,5% dos recursos do FDNE para pesquisa e desenvolvimento via CPSI. O programa pretende atender até 56 municípios vulneráveis, garantindo metodologias e recursos para inovação regional.

O painel reforçou que a inovação municipal só floresce com segurança jurídica, financiamento regional e uma lógica centrada em problemas públicos reais, para que o setor privado seja efetivamente engajado.

Confira a gravação das atividade da SI 2025